Técnico de time Amazonense é preso no gramado após ofensa racial em jogo do Bahia
Por FI
Salvador, BA , 10 (AFI) – A comemoração do Bahia pelo acesso ao Brasileirão Feminino A-1 virou um caso de polícia em Pituaçu. Com a conquista no campo, as jogadoras do Bahia comemoravam no gramado, até que o técnico do time adversário proferiu ofensas raciais a atletas tricolores.
A zagueira Suelen afirmou ter sido chamada de “macaca” pelo técnico do JC Hugo Duarte, que invadiu o campo e correu na direção das atletas tricolores que comemoravam o acesso conquistado sobretudo pelo triunfo no Amazonas, por 2 a 0.
A lateral-direita Dan, a zagueira Suelen e um assessor do clube realizaram Boletim de Ocorrência contra o técnico.
O técnico foi preso em flagrante, levado à Central de Flagrantes da 1ª Delegacia.
A Polícia Militar afirma que foi acionada pela juíza da partida, ao término do jogo, para relatar a confusão entre as jogadoras dos dois times. Neste momento, segundo a PM, a jogadora do Bahia relatou que o técnico do time adversário cometeu injúria racial contra ela. O treinador, então, foi encaminhado para a Central de Flagrantes e autuado em flagrante.
Na súmula, a arbitragem confirma ter recebido o relato da atleta e de membros do Bahia que viram a ofensa de perto.
“Foi relatada a equipe de arbitragem e ao policiamento pela jogadora 77, Suelen dos Santos da Silva, do Bahia, que o técnico do JC Futebol Clube, sr. Hugo Miguel Duarte Macedo, teria deferido as seguintes palavras com dedo em riste para a mesma: “sua macaca, sua macaca”, tentando agredi-la fisicamente também. Outros membros da comissão técnica e jogadoras do Bahia confirmaram a versão da atleta e que teria sido esse motivo da confusão generalizada”, informa a súmula do jogo.
Em nota, o JC, clube do Amazonas, afirmou que repudia qualquer ato racista, mas que avalia com o setor jurídico “todas informações necessárias dos acontecimentos ali presenciados para realizar os procedimentos cabíveis onde não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos”.
Já o Bahia prestou solidariedade a Suelen e cobrou “resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação”.
Veja publicação de Suelen
“A Constituição Brasileira delineia o direito de ser tratado como igual perante os demais membros da sociedade, sem discrição de etnia e raça. Entretanto, lamentavelmente, ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude. A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista. Agradeço às minhas companheiras, família e ao @ecbahia por todo o suporte e acolhimento”.